Saturday, March 22, 2008

2.3. Descrição botânica

O Phaseolus vulgaris L. tem grande polimorfismo, principalmente nos caracteres: hábito de crescimento, dimensão e cor da flor, cor e forma dos frutos e sementes (Summerfield & Roberts, 1985). A planta é levemente pubescente (Oliveira, 1940).

2.3.1 Germinação
O feijoeiro é uma planta herbácea anual (Maroto, 1989). Contudo, segundo Evans (1976), já tenham sido encontradas plantas perenes, cujo ciclo vegetativo é relativamente rápido. A germinação é epígea (Oliveira, 1940) e a sua velocidade é uma medida do vigor das sementes (Sanchez & Pinchinat, 1974). O envelhecimento das sementes está dependente do seu genótipo e causa mudança na cor do invólucro da semente, diminuição da percentagem de germinação e produção de plântulas anormais com crescimento lento ou nulo (Livrera et al., 1990).

A germinação processa-se em quatro fases. (figura 1) A primeira diz respeito ao lançamento da radícula; a segunda, à saída do epicótilo ou saída da terra; a terceira, à abertura dos cotilédones e aparecimento das folhas; e por fim, a quarta fase corresponde ao aparecimento das primeiras folhas (Castilho, s/d). Em média, a semente do feijoeiro germina durante três anos (Crouzier et al., 1980; Maroto, 1989). Após a sementeira, e se existirem condições apropriadas, o grão germina passados 5 a 8 dias (Crouzier et al., 1980).

Figura 1 – Diferentes fases de germinação para Phaseolus vulgaris L. (adaptado de http://www.valerio.bio.br)

2.3.2 Sistema Radicular
O sistema radicular é bem desenvolvido e profundo, podendo alcançar de 90 a 150 cm (Doorembos & Kassan, 1987). O seu crescimento, composto por uma raiz principal e outras secundárias, é muito rápido e pode facilmente ser interrompido por obstáculos do solo (Chaux & Foury, 1993). A raiz principal não domina durante muito tempo.

2.3.3 Caule
O caule é herbáceo, volúvel, delgado e frágil, anguloso, de secção quadrangular, levemente pubescente e por vezes raiado de púrpura (Tamaro, 1981; cit. Palha, 1990). O ápice do caule principal pode ser sempre vegetativo, sendo as plantas indeterminadas, ou dar origem a uma inflorescência, no caso das plantas determinadas.

2.3.4 Folhas
As primeiras duas folhas a desenvolverem-se, as folhas primárias, são simples, inteiras e opostas (Polhill, 1981; Lakey, 1981), e as restantes são alternas e trifoliadas (compostas por dois folíolos laterais, mais ou menos assimétricos e um central simétrico).

O feijoeiro possui folhas com pequenas estípulas na base do pecíolo (Maroto, 1989). As dimensões dos folíolos variam consoante o teor de azoto existente no solo. Assim, quanto mais azotado for o solo, maiores serão as dimensões dos folíolos (Sprent & Minchin, 1985).

Se houver carências de água, forte luminosidade e temperaturas elevadas, as folhas orientam-se para cima, o que permite reduzir a sua temperatura por captarem menos radiação (Yu & Berg, 1994).

2.3.5 Flores
As inflorescências surgem agrupadas em 4 a 8 flores, estando inseridas pelo pedúnculo nas axilas das folhas (variedades do tipo indeterminado), ou nos gomos terminais de alguns ramos (variedades do tipo determinado), (Cermeño, 1979). O número de flores por inflorescência é muito variável, podendo no extremo atingir valores da ordem das 30 flores.

A cor da flor está relacionada com um elevado número de genes, possibilitando a existência de várias tonalidades e desenhos nas flores (Basset, 1992). Existe um gene responsável pela perda de cor da flor que é dominante em relação aos restantes, mas cujo efeito pode ser contrariado por um gene restaurador (Basset, 1993). A cor vermelha indica a ocorrência de cruzamentos com o Phaseolus coccineus.

Algumas plantas apresentam esterilidade masculina controlada por dois genes, que não afectam os órgãos femininos (Mutschler & Bliss, 1980). Foram, mais tarde, detectados genes restauradores.

2.3.6 Fruto
Os frutos, que são vulgarmente designados por vagens, são mais compridos do que largos, lisos e não apresentam pêlos (Vasconcellos, 1949; cit. Gardé & Gardé, 1988).

As vagens são de cor verde após a fecundação, adquirindo diferentes tonalidades à medida que vai ocorrendo a maturação. Uma vez madura, a vagem apresenta uma coloração que varia de cultivar para cultivar (Tinoco, 1982; cit. Palha, 1990). A forma da vagem é controlada por vários genes, situados em diferentes loci (Basset, 1991) e a sua dimensão por ser afectada pela fecundação cruzada, possivelmente relacionada com as hormonas produzidas pelo embrião (Freytag, 1979).

As sementes desenvolvem-se dentro das vagens, em número e forma variáveis (Mateo Box, 1961; cit. Teles, 1987).

O peso da semente pode variar entre 25 a 500 mg, sendo consideradas pequenas se tiverem menos de 260 mg, médias se tiverem entre 260 a 400 mg e grandes se tiverem um peso superior a 400 mg (Nienhuis & Singh, 1986).

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