Saturday, March 22, 2008

2.5. Consociação do milho x feijão

Em determinadas regiões da América Central e Sul ou África o feijão é cultivado em consociação com o milho, sobretudo feijão de trepar. Também em Portugal esta prática não foi esquecida, principalmente em zonas rurais.

Quando introduzido o feijão na mesma parcela do milho, tanto os rendimentos do milho e do feijão são menores do que quando semeados separados, contudo isto não preocupa os agricultores, que afirmam que o rendimento assim é maior (Borges Pires, 1996).

Uma vez cultivado feijão e milho em consociação estas duas espécies competirão pelos recursos disponíveis: luz, água e nutrientes. Note-se que o milho é mais competitivo que o feijão. (Webster et al., 1982; Araújo et al., 1989). A baixa produção de feijão é devida ao sombreamento provocado pelo milho (Alvim e Alvim, 1969; Araújo et al., 1989). Para reduzir este sombreamento poder-se-ia reduzir a densidade da sementeira do milho ou a desfolha do milho.

Estudos sobre consociação milho x feijão têm revelado que é possível manter os níveis de produtividade do milho em consociação semelhantes aos de cultura estreme, com produções aceitáveis de feijão (Lepiz, 1971; Furtado et al., 1992). Em que a formação da espiga não fosse significativamente afectada por esta acção.

Por outro lado a consociação oferece diversas vantagens, nomeadamente, o rendimento líquido é superior à junção do somatório das culturas em separado, consegue-se um uso mais racional dos recursos ambientais, maior produtividade da mão-de-obra, obtendo-se mais de um produto na mesma área, verifica-se também a redução de pragas e doenças (Domingos et al., 1997), pois o milho exerce uma acção protectora contra o ataque de afídeos no feijão e o milho serve como o tutor natural do feijão.

Existem ecótipos de feijão muito pouco adequados para consociação, visto a sua fraca capacidade de competição com o milho pelos recursos disponíveis, por exemplo os de crescimento determinado, que são afectados pelo sombreamento. Assim, nestes casos, serão preferíveis densidades de plantação de milho inferiores.

Tanto em Portugal como em alguns países da América Latina onde a consociação milho x feijão ainda é frequente, assiste-se a alguns exemplos de evolução das técnicas de cultivo. Uma delas é a passagem da sementeira a lanço para a sementeira em linhas, o que torna mais fácil os granjeios da cultura.

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