Saturday, March 22, 2008

2.4. Condições edafoclimáticas

O feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é uma espécie adaptada a climas temperados e tropicais, originário de localidades de média e baixa altitude da América Central e de média e elevada altitude da América do Sul (Adams & Pipoly, 1980), as temperaturas durante a época de crescimento variam entre os 12 ºC e os 24 ºC (Shonnard & Gepts, 1995) em condições climáticas amenas, com dias quentes e noites frias. É de ciclo curto e alheio ao fotoperíodo.

O factor térmico considera-se um factor importante para o crescimento do feijão. As condições ambientais por que este se rege advêm do seu centro de origem, registando-se uma estação húmida, propícia ao crescimento, seguindo-se de uma estação seca, no fim do ciclo favorável à colheita e à conservação de sementes.

No início do seu ciclo vegetativo esta planta dá preferência a uma regular luminosidade atmosférica que lhe facilita o desenvolvimento viçoso, preferindo depois, durante a maturação, o tempo mais seco. Demasiado calor e secura, podem provocar abundante queda de flores e diminuição de produção (Gardé & Gardé, 1988). Na fase reprodutiva torna-se uma planta muito sensível, porque se as condições hídricas e térmicas não forem apropriadas dá-se a queda de flores e frutos pelas zonas de abcissão do pedicelo (Ofir et al., 1993). Caso o feijoeiro seja cultivado sem irrigação a precipitação deve ser bem distribuída e alcançar um total de 500 a 800 I/ m² durante a época do crescimento, para que a produção atinja o seu máximo (Singh, 1989).

2.4.1 Temperatura
O feijoeiro é uma planta característica de climas amenos e pequenas amplitudes térmicas, por isso se torna uma das plantas mais sensíveis ao frio, não resistindo a temperaturas de 0 ºC, sendo a sua cultura realizável fora da época das geadas.
Para que a germinação se processe de maneira igual e normal são necessárias temperaturas superiores a 15 ºC, demorando nestas condições de sete dias para iniciar a germinação. Após a germinação a temperatura óptima encontra-se entre os 20 ºC e os 26 ºC, tornando-se prejudiciais grandes amplitudes térmicas diárias (superiores a 10.5 ºC) (Wallace, 1980).
O factor térmico é importante para o crescimento do feijão. O crescimento mostra-se dependente das temperaturas nocturnas e diurnas, registando-se maior produção para temperaturas de 24 ºC (dia) e 19.9 ºC (noite) (Bouwkamp e Summers, 1982). Em caso de temperaturas inferiores a 15 ºC o crescimento do feijão será afectado, na dimensão das plantas e consequentemente na produção, afectando os tecidos da planta e aumentando a razão folhas/ caule (Drijfhout et al., 1991). Abaixo dos 7 ºC, os primórdios florais são destruídos (Wallace, 1980). Aos 15 ºC, a floração não acontece.

Temperaturas muito elevadas afectam o crescimento, ocorrendo mesmo a queda de flores e dos frutos para temperaturas superiores a 30 ºC (Weaver et al., 1984; Doorembos & Kassan, 1987). Esta queda pode dever-se à deficiente polinização, pois o pólen é muito sensível a altas temperaturas (Shonnard & Gepts, 1994).

Temperaturas muito elevadas (superiores a 28 - 30 ºC) associadas a teores de humidade baixos, podem provocar a queda de flores e até das próprias vagens recém formadas (Maroto, 1989), as vagens apresentam grande percentagem de grãos vazios e frutos com pouca turgidez, deformados e pequenos. A formação de vagens retorcidas em "gancho" e com reduzido desenvolvimento são devidas a grandes variações de temperatura, particularmente descidas de temperatura acentuadas (Maroto, 1989), esta deformação é frequente na cultura de Outono-Inverno, pois a escassa luminosidade acompanhada de temperaturas baixas e humidade do ar elevada, são factores determinantes para a cultura, havendo ainda maior fragilidade para a ocorrência de doenças criptogâmicas (Castilho, 1981; cit. Palha, 1990).

2.4.2 Luminosidade
A maior parte dos feijoeiros respondem a fotoperíodos curtos, mesmo que existam genótipos indiferentes ao fotoperíodo (Maroto, 1989).

Quanto à luminosidade importa referir a duração do dia e a qualidade da luz, que dependem do local em que a cultura é efectuada.

A relação temperatura/ fotoperíodo é importante para a resposta da planta à floração, sendo esta resposta variável de acordo com o genótipo respectivo, em que 2-3 genes exercem controlo (Doorembos & Kassan, 1987; Wallace, 1980), dos quais um não se expressa a baixas temperaturas (Leyna et al., 1982).

2.4.3 Humidade
O P.vulgaris necessita de 60 a 70% de humidade relativa e torna-se conveniente que este teor de humidade seja constante ao longo do seu ciclo vegetativo. Até ao início da frutificação, a humidade relativa óptima é de 60 a 65%, depois desta fase será de 65 a 75% (Castilho, 1981; cit. Palha, 1990).

O factor hídrico é bastante importante no feijoeiro, visto que por carência ou por excesso de água, o feijoeiro sofre alterações. A carência hídrica quando ocorrida ainda no inicio da frutificação pode causar grandes perdas, sendo agravada por vento forte, especialmente quente e seco, podendo causar queda de folhas. Contudo, o excesso de humidade, juntamente com temperaturas elevadas é ainda mais prejudicial, favorecendo o aparecimento de doenças epifítias, como fungos e bactérias. Também pode encharcar o solo, dando origem a plantas cloróticas e paralisando o crescimento (Roston & Pizan, s/d).

Para um ciclo de 90 dias são necessários 200 a 300 mm de água.
Baixas precipitações revelam-se favoráveis para a cultura após a maturação e durante a colheita. No entanto elevadas precipitações depois da planta ter frutificado, pode ocasionar a germinação de sementes dentro das próprias vagens.

A escassez de chuvas, pode provocar a diminuição da percentagem de flores fecundadas. Quanto à frutificação provoca o amadurecimento precoce das vagens e faz com que as sementes não completem o seu ciclo de desenvolvimento.

2.4.4 Vento
O vento exerce um efeito negativo sobre a produtividade do feijoeiro, observando-se quebras de cerca de 8% em fases prematuras do crescimento, e de 14% quando se manifesta na altura da floração (Bubenzer e Weiss, 1974)

2.4.5 Solo
O feijoeiro prospera em terrenos de todas as formações geológicas: desde as areias litorais da Aguçadoura e Gafanha, até aos graníticos e xistosos precâmbios do Douro, aos basálticos da mancha saloia, aluviões ou nateiros das Lezírias Ribatejanas, xistosos e graníticos do Alentejo, areias pliocénicas do Baixo Alentejo Litoral, calcários e modernos do Algarve (Castilho s/d). Mas dá preferência aos terrenos areno-argilosos com boa drenagem e adequado nível de fertilidade (Gardé & Gardé, 1988).
Deve evitar-se o cultivo do Phaseolus vulgaris em terrenos excessivamente pesados e com problemas de encharcamento, adaptando-se melhor aos solos ligeiros ou médios bem drenados.

Os valores de pH óptimos para esta cultura variam consoante o autor, não se podendo considerar um valor universal. Contudo um aligeira acidez é lhe vantajosa.

Quanto à salinidade o limite superior é de 5,6 gramas NaCl/litro de soluções do solo, ou 2,35 gramas NaCl/quilograma de terra seca ao ar (Cermenõ, 1988; Rápido, 1992).

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