Saturday, March 22, 2008

2.8. Importância do feijão

Actualmente a cultura do P. vulgaris ocupa uma área que ronda os 24 milhões de hectares em todo o mundo. Segundo Gardé & Gardé (1988) a grande expansão do feijoeiro deve-se ao seu valor alimentar, suplementado por uma grande diversidade de usos, a possibilidade de fácil conservação e ainda a adaptabilidade a solos muito diversos. Desde a sua introdução na Europa que o feijão tem sido cultivado para fins alimentares, quer para aproveitamento do grão, quer para aproveitamento da vagem verde. O feijão, consumido em grão, é um alimento de grande valor, sendo considerado o mais equilibrado de todos os legumes.

2.8.1 Valor alimentar
Os feijões constituem, ainda hoje, um importante contributo para a alimentação de vários povos da Ásia, da África, e das Américas e mesmo da Europa. Deste modo estas leguminosas tornaram-se ingredientes importantes de pratos típicos de muitos países, como por exemplo a "fasoulia" grega, as feijoadas transmontana e brasileira, os "cassoulets" franceses, sopas tradicionais italianas e portuguesas, especialidades espanholas de arroz com feijão, os "chili" e diversos outros pratos mexicanos e americanos. No entanto, as leguminosas em geral, incluindo os feijões, são consideradas uma fonte pouco adequada de proteína alimentar. Por outro lado, os feijões, em particular os da espécie P. vulgaris têm uma certa "má reputação" no que respeita a problemas de digestão.

Importa analisar o porquê desta imagem atribuída a estes feijões. O primeiro ponto a analisar é o teor em aminoácidos essenciais, uma vez que os feijões são incompletos em aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína), sendo ricos em outros aminoácidos, tais como, a lisina, a treonina, a isoleucina, a valina, a leucina e o triptofano. Esta constituição do feijão justifica o seu cultivo em consociação tradicional com o milho. O milho (consumido sob a forma de broa, papas de milho, etc.) fornece a metionina e a cisteína, enquanto que o feijão fornece a lisina e o triptofano, nos quais o milho è muito pobre contribuindo assim para uma dieta equilibrada ( Adams et al. 1985).

Para além das proteínas e dos aminoácidos, também encontramos no feijão, substâncias chamadas de anti-nutricionais que diminuem significativamente o valor do alimento. No entanto uma grande parte destes inibidores são termolábeis e portanto são destruídos pela cozedura.

Também são de referir alguns oligossacáridos que parecem ser a principal causa de mal-estar ao nível digestivo tão associado ao consumo de feijão.

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